sexta-feira, 3 de abril de 2009

CUIDADOS AO PRODUZIR GRÁFICOS - INTRODUÇÃO

Quando você tiver que produzir gráficos, seja bom com os seus consumidores e tome alguns cuidados para não cair nas muitas armadilhas que obscurecem e confundem as informações.

O mais importante é não perder de vista o objetivo dos gráficos. É como Tufte [TUFTE, Edward Rolf, Visual and Statistical Thinking; Displays of Evidence for Making Decisions. Cheshire: Graphics Press, 2005, pág. 27] escreve: “Representações visuais de informações devem servir ao propósito analítico em questão; se uma questão importante é uma possível relação de causa e efeito, então os gráficos devem organizar os dados de uma forma a iluminar tal ligação. Não é uma idéia complicada, mas é profunda”.

Para servir ao seu propósito analítico, a lógica que orienta a produção do gráfico tem que ter afinidade com a lógica da análise que o produtor quer induzir no leitor.

Em seguida é necessário pensar nos aspectos estruturais e de desenho dos gráficos. Primeiro lembre-se dos elementos básicos de todo gráfico e verifique-os: título, legenda, eixos (nome, escala, marcações), dados, e a área de fundo.

O título deve indicar claramente, e logo em primeira mão, as variáveis que estão sendo representadas. Ao invés de colocar o título “Evolução do preço do café”, prefira “Preço do café (R$) x Último trimestre (dias)”.

Use a rotulação direta (aquela que rotula no próprio gráfico os valores ou a variável daquela indicação) tanto quanto possível, e use as legendas somente quando os dados forem muito complexos para a rotulação direta.

E por falar em legenda e rotulação, nunca se esqueça de colocá-los, assim como as unidades de medida e o que está sendo medido. Um número sem etiqueta é um número sem sentido. Geralmente uma etiqueta tem duas partes: uma unidade de medida e uma descrição do que está sendo medido. Escreva “Litros de água”, ou “Dólares de lucro”, ou “Toneladas de soja”; deve haver sempre uma unidade de medida e a descrição do que está sendo medido. Como uma regra, sempre que houver um número, deve haver um rótulo por perto o descrevendo.

Por mais óbvio que isto pareça, os rótulos são facilmente esquecidos pelo produtor que está tão familiarizado com o gráfico que não consegue imaginar que as outras pessoas não saibam o significado das cores ou siglas.

No entanto, essas legendas e rotulações não precisam ser exageradas ou ter um peso visual muito grande. O tamanho das letras em gráficos pode ser pequena, uma vez que as frases e sentenças não são longas – e, portanto, a fonte pequena não irá fatigar o leitor da mesma forma que faria em textos longos.

Prefira sempre que possível colocar no gráfico os dados, e não as estatísticas desses dados. Assim evita-se a necessidade de explicar as suas assunções para chegar em tais resultados estatísticos, aumenta a eficiência de mostrar os dados, e permite ao consumidor fazer as suas próprias conclusões, determinar se a análise do autor é apropriada, e fazer as suas próprias análises, uma vez que têm os dados brutos em mãos.

Deixe bem clara a relação de causa e efeito entre duas variáveis. Este é outro item que pode ser negligenciado pelo produtor muito familiarizado com os próprios gráficos. Na maioria dos casos um texto acompanhando o gráfico, com explicações, análises e conclusões, é tão importante quanto o gráfico em si. E se possível, devem estar na mesma página.

O gráfico na verdade não é nada mais que uma parte do texto que usa uma forma de comunicação visual, e, portanto, deve estar integrado no texto como qualquer outro parágrafo.

Use a menor quantidade possível de marcações na área do gráfico. Cada traço desenhado deve ter alguma finalidade informativa; se não tem, apague. Evite o já comentado “lixo de gráfico”, e deixe desenhado somente o essencial. Isso significa apagar enfeites, fundos de gráfico visualmente muito pesados, linhas e números de marcação de escala em excesso, legendas demais, e tudo o mais que polui e confunde.

Tenha em mente que a seleção dos eixos para cada variável, normalmente os eixos horizontal e vertical, irão influenciar como a informação é interpretada. Assim como a seleção da escala, que deve dar preferência para as escalas lineares, que são mais fáceis de compreender e comparar. Estes dois assuntos serão explicados com mais detalhe a seguir.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dei uma volta pelo blog e tenho certeza que seu trabalho está ajudando muita gente! Uso muitos gráficos no meu dia a dia e é exatamente assim que funciona... as pessoas precisam mesmo prestar muita atenção para não acabarem enganadas!

Parabéns pela iniciativa!

Alessandro Nicoli de Mattos disse...

Olá usuário Anônimo!

Muito obrigado pelo apoio! Fique de olho no Blog que a parte de estatísticas virá no final do mês, e é quando as enganações mais complexas e sutis serão mostradas...

Assine o Blog pelo Feed ou pelo e-mail! Assim é fácil de acompanhar!

[ ]s

Postar um comentário