domingo, 5 de abril de 2009

CUIDADOS AO PRODUZIR GRÁFICOS - PARTE 2 - CONSIDERE OS PRECONCEITOS CULTURAIS SOBRE ORIENTAÇÕES

O produtor de gráficos deve ter em mente que as pessoas tem preconceitos e tendências culturais que as fazem intuitivamente dar certos significados às direções adotadas nos gráficos. A maioria das pessoas nem tem consciência de ter essas polarizações culturais, e mesmo as que sabem disso, não conseguem se desvencilhar dessas tendências tão arraigadas.

O bom produtor de gráficos deve estar ciente dessas polarizações e deve saber usá-las para reforçar a sua mensagem; ir contra elas apenas prejudicará a comunicação.

Para Jones [JONES, Gerald Everett. How to Lie with Charts: Second Edition: Second Edition. Santa Monica: La Puerta Productions, 2007, pág. 43 e 44], essas polarizações culturais surgem principalmente da direção de leitura de cada cultura. Para os ocidentais, ele as descreve assim:

As pessoas nas culturas ocidentais lêem da esquerda para a direita. Para estes leitores o movimento para a direita – a direção em que o olho varre a página – é associada com a passagem do tempo, e, portanto, com o movimento positivo, ou mesmo com a idéia de progresso”.
Inversamente, o movimento da direita para a esquerda é considerado retrogrado e negativo – mau! Dessas mesmas noções vem a raiz da palavra sinistro, que pode significar tanto esquerdo ou de mau agouro.”

Os gráficos que mostram a passagem do tempo, como os de evolução, usam essa noção que o tempo se move da esquerda para a direita.

Sobre os movimentos verticais, Jones [JONES, Gerald Everett. How to Lie with Charts: Second Edition: Second Edition. Santa Monica: La Puerta Productions, 2007, pág. 44] escreve:

Em muitas culturas, o movimento para cima é associado com aumento ou ganho, e para baixo com diminuição ou perda.” Portanto: “Gráficos que mostram flutuações em quantidades se baseiam na noção de que para cima significa ganho e para baixo significa perda.”

Esta noção também vem da direção em que as pessoas costumam ler os textos, que é de cima para baixo.


As quatro direções e suas conotações de acordo com a cultura ocidental. Essas conotações mudam com as culturas e podem influenciar na maneira de interpretar um gráfico.
Assim, nas culturas ocidentais, as pessoas intuitivamente entendem que para cima e para baixo significa quantidades e para a direita e para a esquerda significa tempo.

No entanto, essas predisposições para dar conotação às direções variam de acordo com a cultura e a direção de leitura de cada língua. Para quem lê hebreu ou árabe, cuja direção de leitura é da direita para a esquerda, um gráfico que mostra a passagem do tempo para a esquerda (o contrário dos ocidentais) pode parecer mais familiar. Já para os chineses que lêem de cima para baixo, as flutuações verticais de quantidades podem não parecer tão intuitivos assim.

Mas se você não estiver atento, mentirosos espertos poderão usar essas predisposições para conotar sentido às orientações, para comunicar um sentimento oposto ao que os dados transmitiriam. Você pode fazer um gráfico de lucros despencando não parecer tão mau assim se você inverter o sentido de fluxo do tempo. Um leitor desatento pode até acreditar que os lucros estão na verdade aumentando.

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