quarta-feira, 15 de abril de 2009

RELATÓRIOS ANUAIS E GRÁFICOS RUINS

Os relatórios anuais de empresas são divulgados para exibir o seu desempenho econômico e financeiro, para investidores e analistas de mercado. Recentemente também estão divulgando os relatórios sociais, nos quais são descritas as ações da empresa para a melhoria da comunidade e preservação do meio-ambiente. A maioria apresenta um estilo sofisticado e colorido, com muitas fotos de setores das fábricas, produtos, funcionários sorridentes, e grupos de diretores em ternos caros e sorrisos confiantes; mas poucos se preocupam em ser ferramentas eficazes de comunicação com sócios, acionistas, e analistas de mercado.

Esses documentos geralmente seguem o mesmo estilo de apresentação de números e gráficos ao longo de todo o relatório, embora a maioria das empresas não mantenha o mesmo estilo entre os relatórios de um ano e outro, forçando os seus leitores a se adaptarem a um novo modo de apresentar as informações a cada ano. São poucas as empresas que definem um estilo visual e o mantêm, apresentando uma coerência; a maioria parece que contrata um projetista de relatório diferente a cada ano, que decide projetar o relatório da maneira que acredita ser a mais adequada.

Estes relatórios corporativos, assim como relatórios governamentais que também serão usados como exemplos aqui, estão cheios de números e gráficos, que não por acaso são de grande interesse para o próprio produtor da informação. Certamente estes relatórios se encaixam na categoria em que o produtor da informação tem grande interesse nos resultados. Só isso já é o suficiente para atribuirmos uma boa dose de desconfiança aos seus números e gráficos, possíveis portadores de distorções e apresentações tendenciosas. Especialmente se a empresa em questão não tem bons números para mostrar, e está ávida para passar uma boa imagem, ou o governo quer justificar um aumento de impostos ou exagerar os progressos realizados.

É importante ressaltar que a precisão, a clareza e a coerência da representação visual dos dados é que estão sendo avaliados aqui, e não o estilo ou a aparência dos gráficos. Certamente muitos gráficos que têm uma representação visual correta poderiam tornar-se mais atrativos ou com uma leitura mais fácil e agradável caso adotassem outras estratégias de desenho, como as recomendadas por Tufte, mas isto não tira o seu mérito por informar corretamente e honestamente o leitor.

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