segunda-feira, 25 de maio de 2009

ENTENDA MAIS AS ESTATÍSTICAS - PARTE 2

Um portador comum de erros e mentiras é a amostragem. A amostragem vai determinar a qualidade dos resultados estatísticos. Não são raros os casos de estudos ou pesquisas que tiram conclusões baseadas em amostras pequenas, que fornecem resultados pouco sólidos. Quanto maior a amostragem, menores são os erros estatísticos. Huff [HUFF, Darrel, How to Lie with Statistics. New York: W W Norton & Company INC, 1954, pág. 13] afirma que “o procedimento de amostragem é o coração de grande parte das estatísticas que você encontra sobre todo tipo de assunto”.

Mas os truques mais desonestos com a amostragem são aqueles que selecionam os dados mais convenientes para os cálculos dos parâmetros estatísticos, o que é agravado pelas facilidades oferecidas pelo computador. Agora é fácil escolher entre dezenas de combinações de dados, gráficos e testes estatísticos, e selecionar para a publicação aqueles que melhor defendem o ponto de vista do produtor. Esta seleção de dados é conhecida como “mineração dos dados”, e é parecida com as técnicas dos mágicos, que escolhem o que revelar e o que esconder para manter a atenção do iludido público. O consumidor deve sempre considerar que provavelmente o que está sendo mostrado são os dados minerados, ou a combinação de dados que melhor serve aos propósitos do produtor.

E não se deixe enganar pela terminologia; muitas vezes índices e estatísticas têm o mesmo nome, mas isso não significa que são equivalentes, e nem que podem ser colocadas lado a lado e serem comparadas. Muitas vezes elas vêm de contextos totalmente diferentes, e apresentam critérios e cálculos distintos. É o caso de estatísticas realizadas por órgãos governamentais, que levam em consideração o contexto de seus próprios países, e geralmente não podem ser diretamente comparados com os mesmo índices de outros países.

Como exemplo, o índice de desemprego pesquisado e calculado pelo governo da Alemanha para seu país, pode ser incomparável ao índice de desemprego estimado pelo governo brasileiro; são países com contextos totalmente diferentes, e os critérios para considerar uma pessoa desempregada podem ser diferentes, como com relação ao tempo sem emprego necessário para ser considerada desempregada, a consideração sobre os trabalhos autônomos, outras fontes de renda que não de um emprego, situação de emprego do cônjuge, se está procurando trabalho ou não, entre outros. Para o governo dos EUA, por exemplo, pessoas sem emprego, mas que estão ativamente procurando por trabalho, não são consideradas desempregadas.

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